26 de agosto de 2016

SUS não oferece vacina contra a dengue

A dose custa 400 reais na rede privada de laboratórios


Texto: Newton Soares


A vacina contra a dengue (dengvaxia), indicada para pessoas entre 9 e 45 anos, já pode ser encontrada nos principias laboratórios particulares de Salvador com o valor médio de R$400 reais a primeira dose. O tratamento para uma possível imunização precisa ser feito com três doses e intervalo de seis meses entre as aplicações, que são realizadas com hora marcada.

Produzido pela empresa francesa Sanofi Pasteur, dedicada à fabricação de vacinas para uso humano, o imunizante deveria chegar ao mercado com valores entre R$ 132,76 e R$ 138,53 acrescidos das variações do ICMS de cada estado da federação. Essa foi a definição do Comitê Técnico Executivo da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED).

Em janeiro de 2016, foram registrados 1.345.286 casos prováveis de dengue no país, segundo dados da secretária de vigilância e saúde do Ministério da Saúde. Em muitas regiões do Brasil, o número de pessoas infectadas pelo mosquito Aedes aegypti superou 300 casos/100mil habitantes. Nessa situação, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera estado de calamidade pública, mas o Sistema Único de Saúde (SUS), a princípio, não vai disponibilizar a vacina à população. O único estado brasileiro que adquiriu a dengvaxia foi o Paraná, que comprou um lote de 500 mil doses. A dona de casa, Clemilda Santana, 47, considera um “absurdo” o fato do governo não liberar a vacina pelo SUS. “É lamentável”, resume indignada.

O infectologista Fernando Badaró alerta que os efeitos colaterais dessa vacina ainda não são todos conhecidos. “É preciso uma disseminação da vacinação na população em geral. Em estudos controlados, tem poucos efeitos colaterais”, explica. Ainda segundo Badaró, a dengvaxia dá uma proteção, contra os quatro sorotipos do mosquito da dengue de 52% a 66%, entretanto o médico defende a vacinação, por conta dos altos índices da doença no Brasil. “A imunização vai reduzir a incidência da doença. Então, mesmo com a baixa proteção, é necessário tomar a vacina para diminuir a possibilidade da população em geral contrair o vírus”, afirma.

Desde ano passado a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) liberou a vacina no país. O professor de designer, Marcelo Teixeira, 48, considera ilegal a restrição da vacina à rede privada: “Eu acho isso um crime! Qualquer recurso de saúde deveria ser disponibilizado gratuitamente, a saúde da população não pode ser jogada como alvo de restrição”, protesta.

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