6 de junho de 2016

Prefeitura comemora e população reclama da vacinação contra gripe H1N1

Capital baiana supera meta de imunização, porém muita gente que enfrentou longas filas nos postos acabou sem se vacinar.

Texto: Filipe Alcantara

Na manhã de 18 de maio, dois dias antes do fim da campanha nacional de vacinação contra gripe H1N1, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) apresentou o balanço final da campanha em Salvador, iniciada em 18 de abril em todo o país. Cerca de 580 mil pessoas foram imunizadas, totalizando 93% de atingimento do público-alvo, bem acima da meta de 80% recomendada pelo Ministério da Saúde como o mínimo aceitável. Apesar dos números satisfatórios, uma parte considerável das pessoas pertencentes aos grupos de risco não se vacinaram e tiveram problemas ao tentar tomar a vacina nos postos de saúde.
Foi o que aconteceu com a dona de casa Ana Paula Silva, 52 anos, que não encontrou vacina nos dois postos de saúde que visitou (Campo da Pólvora e Sete Portas). Portadora de hipertensão, ela tentou se vacinar na última semana da campanha, porém as vacinas contra o vírus H1N1 nos postos de Salvador foram restringidas naquele período somente para idosos a partir de 60 anos, crianças com idade entre seis meses e cinco anos (primeira e segunda doses) e gestantes. A estratégia da SMS era atingir a meta de imunização desses três grupos de risco que estavam, naquele momento, abaixo dos 80% estipulados. “Um absurdo o que esses políticos fazem com a população. Já começou o período de chuva e eu ainda não tomei a vacina. E o pior é a falta de informação. A gente sai de casa sem saber se tem vacina nos postos”, diz ela, que também levantou a suspeita de ter havido um favorecimento de alguns funcionários dos postos que estariam vacinando parentes e conhecidos que não faziam parte dos grupos de risco. Ana Paula afirma ainda que os centros de saúde estavam sempre lotados, que era preciso chegar de madrugada para tentar ser atendido.
A própria Secretaria confirma a alta procura. Sobre a possibilidade de oferecer mais vacinas para os outros grupos prioritários (mulheres que deram a luz nos últimos 45 dias, trabalhadores da área de saúde, indígenas, presos e profissionais do sistema carcerário, além de pessoas com problemas cardíacos, diabéticos, renais, asmáticos e portadores de outras doenças crônicas), o secretário da Saúde, José Antonio Rodrigues Alves, afirmou que a prefeitura atualizou os dados juntos ao governo federal, mas não há garantias de recebimento de um novo lote. "Fizemos uma nova solicitação ao Ministério da Saúde, de 30 a 50 mil doses da vacina. Porém, ainda não tivemos nenhuma garantia. Por isso, as pessoas que ainda não foram imunizadas devem aguardar uma nova convocação em caso de Salvador ser contemplada com algum novo lote", explicou.
Porém, esta possibilidade é remota. De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), a Bahia já recebeu do Ministério da Saúde todas as 3,2 milhões de vacinas previstas. O órgão afirma também que todas as doses já foram repassadas aos municípios. Tanto Ana Paula quanto as outras pessoas que ainda não foram imunizadas poderão recorrer às clínicas particulares, onde as doses, que estavam em falta, estão sendo repostas e são aplicadas por valores entre 90 e 140 reais.
A preocupação de Ana Paula tem fundamento. Enquanto que ano passado apenas um caso da gripe H1N1 foi registrado na Bahia, em 2016, até o dia 23 de maio, 87 casos com 18 óbitos já foram confirmados segundo a Sesab. Só na capital baiana cinco pessoas morreram. O quadro abaixo, feito pela Sesab, mostra como diferenciar os sintomas desse tipo de gripe dos outros mais comuns.

Fonte: Secretaria de Saúde da Bahia

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